terça-feira, 4 de outubro de 2011


COMO É NASCER? NA VISÃO DO BEBE.

Segundo Kitzinger, o nascimento é uma experiência intensa, não apenas para a mãe mas para o bebê também. É o clímax de uma época de crescimento e de espera.

O novo ser humano de repente é surpreendido por uma poderosa atividade uterina, que o expulsa do interior de um músculo firme, que envolvia seu corpo, e do berço do osso em que ele tinha sido embalado, para uma existência independente.

Saindo das profundezas do útero, passando debaixo do arco do osso, saindo através da dobras macias da vagina, o bebê atravessa uma barreira de diferentes tipos de estimulação sensorial. É a viagem misteriosa, mágica, original, e é, provavelmente, mais surpreendente e cheia de surpresas do que a viagem que se faz em qualquer túnel do amor em busca de coisas excitantes.

A experiência que o bebê tem do parto é uma pressão que se acumula sobre a coroa da cabeça do bebê, quando ele é levado através do colo do útero, que se dilata e o qual é puxado sobre sua cabeça. A pressão também é dirigida para as nádegas do bebê, à medida que o útero se contrai sobre elas impulsiona-o para frente. De modo que o bebê fica preso entre o útero, que comprime suas nádegas, e o colo do útero, que é progressivamente puxado sobre sua cabeça. Esta pressão faz com que o bebê fique enrodilhado sobre si mesmo no formato de uma bola, com a cabeça enfiada entre os joelhos e os braços dobrados sobre o peito. A parte superior da cabeça, que ainda não tem ossos solidificados, é firmemente moldada de modo que a testa é comprimida para trás.
À medida que o bebê é forçado para baixo, a coroa da cabeça também se defronta com a resistência dos músculos do assoalho pélvico, que são elásticas e firmes, e, através deles, ela pouco a pouco força sua passagem. A abertura é estreita, mas cede à passagem do bebê e todo o seu corpo é rigorosamente massageado a cada contração, à medida que desce gradualmente.

Debaixo da pele esticada e da fina parede transparente do próprio útero, o bebê, nas últimas semanas, podia perceber uma luz suave sempre brilhando sobre seu corpo.

A impressão deve ser a mesma produzida pelo fogo de uma lareira ou por uma luz que passa através de um quebra luz vermelho. Quando começa a viagem para o mundo exterior, o bebê é comprimido no fundo da cavidade pélvica, debaixo de arcos formados por ossos, músculos espessos e ligamentos de sustentação.

O bebê não é apenas um punhado de carne ou uma boneca de tamanho natural. Ele é um ser humano que está perfeitamente equipado para sentir dor e prazer, é uma pessoa que está nascendo.

O bebê não pode se lembrar das coisas ou antecipá-las como nós, mas apesar disso, ele é capaz de sentir intensamente e é um ser que já tem os seus cinco sentidos funcionando de modo rudimentar, porém funcionando.

O útero segura e comprime a criança que ainda não nasceu, cada vez com mais força. Por volta do fim do primeiro estágio do trabalho de parto, o útero está comprimido firmemente o bebê durante um ou dois minutos de cada vez. Cada um desses apertões começa suavemente e vai, aos poucos, ficando mais apertado, até que no auge das contrações, o bebê é fortemente comprimido durante vinte e até trinta segundos. Em seguida, a onda de pressão recua novamente e o útero relaxa descansando para a próxima contração. O bebê também está em trabalho de parto ao mesmo tempo que a mãe.

No segundo estágio, a cabeça tem que se curvar quase num ângulo reto. A pressão aumenta até girar o pescoço de tal maneira que o bebê fica de cabeça para baixo pronto para escorregar para fora. Isto proporciona um forte estímulo para o bebê. Finalmente, a coroa da cabeça aponta através da abertura vaginal e permanece ali. A cabeça escorrega para fora e subitamente o bebê encontra espaço e ar. Os ombros e o peito deslizam para a frente, seguidos por todo o corpo. O bebê engasga e o ar inunda os pulmões, enchendo-os pela primeira vez. As superfícies internas e úmidas dos pulmões, abrem-se com o primeiro choro, com o qual o bebê saúda a vida.

Ar, espaço, os ombros do bebê se movendo num meio estranho, peso, sons estranhos, luzes ofuscantes, mãos frias que seguram o bebê, virando-o, de repente um sem número de sensações assaltam o recém nascido. Não apenas os pulmões precisam se encher de ar e começar a funcionar ritmicamente, mas a circulação precisa encontrar novas vias.

Isto é basicamente o que acontece com o bebê no trabalho de parto. Soma-se a isto, para a mãe, que sente tudo isto com seu bebê pelo fato dele estar dentro dela, os sintomas físicos e que ocorre com a mãe.

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